O Baby-Led Weaning é adequado para os bebés?

O Baby-Led Weaning é adequado para os bebés?

O termo Baby-Led Weaning (BLW) foi descrito pela primeira vez por Gill Rapley, em 2005, como um método alternativo à diversificação alimentar tradicional. Este método  pressupõe que o bebé, a partir dos 6 meses, conduza a sua própria introdução alimentar e que os sinais de preparação do bebé para a alimentação independente devem ser respeitados: capacidade de se sentar sozinho, coordenação motora, mão-olho necessária para agarrar, manipular e libertar os alimentos, bem como a capacidade de mastigar (mesmo na ausência de dentes) os alimentos de encontro ao palato.

 

Em que consiste a prática de BLW?

Numa primeira fase, os alimentos devem ser cortados em palitos, para que possam ser agarrados  pela mão do bebé, devem ter a consistência adequada para que a criança os possa amassar com a língua contra o palato e devem dissolver-se facilmente.

Neste método, a criança é encorajada a provar “qualquer alimento”, desde o início do período da alimentação complementar, sem haver uma ordem específica para os introduzir e sem o recurso a alimentos na forma de puré. Deste modo, é a criança que decide o que comer, a quantidade e o ritmo da refeição, tal como acontece durante a amamentação exclusiva. Considera-se assim, que a criança vai responder melhor aos sinais de fome e saciedade.

Neste processo de autoalimentação, a criança deve demonstrar interesse pelos alimentos a consumir, de forma a ingerir e obter a energia necessária para o seu crescimento adequado.

Quais os cuidados a ter?

O perigo de asfixia é uma realidade que preocupa os pais/cuidadores/profissionais de saúde durante a introdução de novos alimentos, independentemente do método de diversificação utilizado. A experiência de colocar os alimentos na cavidade oral requer a coordenação da mastigação, deglutição e respiração e, como tal, aos 6 meses a criança pode ainda não ter desenvolvido as capacidades motoras necessárias para ingerir os alimentos em segurança.

No entanto, e apesar das crianças que se auto alimentam aparentarem apresentar maior risco de asfixia, os estudos que compararam este método de diversificação alimentar com o método tradicional verificaram que alimentos que representam um risco de asfixia estavam presentes tanto na refeição de crianças do grupo BLW como do grupo tradicional (ex.: maçã crua, nozes inteiras (ou outros frutos oleaginosos). É, portanto, essencial o acompanhamento e a supervisão constante das refeições das crianças por parte dos cuidadores e/ou pais.

Importa reter que, independentemente do método de diversificação alimentar adotado, é necessária a educação alimentar dirigida a pais e cuidadores sobre como minimizar o risco de asfixia, bem como sobre a utilização dos alimentos de risco, de modo a torná-los mais seguros (ex.: o frango é mais seguro em pedaços que podem ser mastigados ou picados finamente). Deve evitar-se comida que possa causar engasgamento, como os frutos secos, uvas inteiras, cenouras cruas, pipocas, alimentos cortados em rodelas pequenas que não se dissolvem no céu da boca, etc.

Para evitar um possível engasgamento, é importante cumprir critérios básicos de segurança como:

  • Fazer as refeições ao bebé sentado e direito;
  • supervisionar sempre o bebé durante as refeições;
  • adequar bem a consistência dos alimentos para que não constituam perigo de engasgamento.

 

O BLW é suficiente para a alimentação da criança?

Caso o consumo alimentar não seja suficiente para fazer face às suas necessidades energéticas e nutricionais, o crescimento e o desenvolvimento da criança poderão ficar comprometidos. Deste modo, é aconselhada a oferta de uma variedade de alimentos alargada, incluindo pelo menos um alimento de elevada densidade energética em cada refeição. Recomenda-se, ainda, que a refeição seja realizada num ambiente tranquilo e com poucas distrações. Os pais e/ou cuidadores também devem ter em atenção os sinais de fome e saciedade da criança e manter uma supervisão constante durante a refeição.

A partir dos 6 meses, o leite materno deixa de ser capaz de suprir as necessidades nutricionais, nomeadamente em ferro. Por isso, é essencial a introdução de alimentos complementares nesta idade.

Deste modo, é importante fornecer alimentos ricos em ferro (ex.: carne e peixe bem cozidos), tendo o cuidado de acompanhar sempre com uma boa fonte de vitamina C (ex.: fruta fresca na consistência adequada) para facilitar a absorção deste mineral, auxiliando-se na prevenção de deficiência em ferro.

Não esquecer: os bebés devem comer quando querem. Os especialistas advogam que na oferta de leite materno,  leite de fórmula e/ou  restantes alimentos (sejam oferecidos triturados ou em BLW), devem ser respeitados sempre os sinais de fome de cada bebé, para que cada um  tenha a oportunidade de ouvir o seu corpo e responder às necessidades que ele transmite. Considera-se que o bebé come aquilo que precisa, num processo de autorregulação.

Esta abordagem não é o único método aceite de diversificação alimentar, mas apresenta já muito bons resultados na aprendizagem e recetividade dos alimentos por parte dos bebés, tornando a sua introdução num processo natural e bem-sucedido. Por dar maior controlo ao bebé e encorajar formas de parentalidade responsiva, o BLW pode contribuir para um melhor padrão alimentar e reduzir o risco de obesidade no futuro.

Sobre estas e outras questões relativas à boa nutrição infantil consulte sempre o profissional de saúde que segue a criança.

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